A história de sorriso e lágrimas que vive o Brasil


A presidente Dilma Rousseff foi vaiada duas vezes pelo público, na abertura da Copa das Confederações, antes do jogo entre Brasil e Japão, no Estádio Nacional de Brasília (Mané Garrincha), neste sábado à tarde. A primeira vaia aconteceu quando sua presença foi anunciada oficialmente e, a segunda, quando foi citada por Blatter. Na tribuna, com o cenho totalmente fechado, apenas declarou aberta a competição. “Declaro oficialmente aberta a Copa das Confederações Fifa 2013″, discursou a presidente, visivelmente constrangida com a situação.

Mostrando desconforto com a situação, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, que estava ao lado de Dilma e também fez um pronunciamento oficial, chegou a apelar aos torcedores. “Amigos do futebol brasileiro, onde está o respeito e o fair play, por favor?”, disse o dirigente suíço.

Antes disso, Blatter fez um breve discurso. “Prezados amigos do futebol, estamos todos reunidos hoje para uma verdadeira festa do futebol no país pentacampeão. É um grande prazer, em nome da FIFA, dar as boas-vindas e agradecer às autoridades brasileiras, lideradas pela presidente Dilma Rousseff”, declarou Blatter, em português.

Para quem vem em queda nas pesquisas de opinião popular, conforme a última do Datafolha, isso não pode surpreender ninguém, mas os motivos vão bem mais além do que essas vaias de momento.

PROTESTOS EM BRASÍLIA
Protestos em Brasília, antes do jogo Brasil X Japão
A Copa das Confederações poderia ser um grande evento e servir de alavanca à campanha que Lula lançou, no início deste ano: a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Mas, ao contrário, está servindo para o povo chamar a atenção dos jornalistas estrangeiros que aqui se encontram para a verdadeira situação do país, comprotestos que se sucedem, principalmente, nas cidades-sede da Copa.

MINEIRÃO
Estádio Gov. Magalhães Pinto (Mineirão)
QUAL É O PROBLEMA?

O problema é que o povo não entende como puderam ser investidos quase R$ 5 bilhões nas construções de seis arenas* – mesmo que nesse total tenha a participação de empresas privadas – num país que não conseguiu solucionar o problema da seca, que, ano após anos, atinge principalmente o Nordeste e ceifa tantas vidas. Também não conseguiu encontrar uma solução para as enchentes que atingem todo o país e destrói tantas vidas como aconteceu na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011, resultando na morte de mais de mil pessoas e em várias outras partes do país essas isso ocorre todos os anos e nada se faz para se evitar essas catástrofes.

Também nos corredores dos hospitais de urgência, diariamente, pessoas morrem por falta de atendimento, enquanto outras vidas são ceifadas pela falta de segurança no país.

PROBLEMAS DO BRASIL2

Em suma, se enumerarmos todos os problemas que atingem, afligem e matam tantos brasileiros só terminaríamos a lista após a Copa das Confederações. Mas, para não deixar passar em branco, apenas vamos perguntar: e a educação de nosso país? Quando os nossos estudantes estarão preparados para concorrerem aos muitos cargos que são preenchidos por profissionais vindos de outros países, como os médicos que agora querem importar pela falta de médicos brasileiros para trabalhar nas regiões mais sofridas pelo Brasil afora. E sabem por quê? Primeiro, porque existem poucos médicos em virtude da impossibilidade da população pobre, que frequenta as escolas públicas, de concorrerem aos vestibulares onde só são aprovados os filhos de famílias mais abastadas, que podem estudar nas melhores escolas, que são as particulares e mais caras. Segundo porque quem já é formado prefere ficar nas capitais, onde ganham uma miséria mas vivem, do que se aventurarem a exercer suas funções no interior do país, para ganharem a mesma coisa – ou menos – e viverem sem condições.

No campo, o Brasil venceu o Japão por 3 X 0, com gols de Neymar, Paulinho e Jô, num jogo em que, no início da transmissão, no momento das vaias aos presidentes – da FIFA e do Brasil – Galvão Bueno registrou que a presidente Dilma Rousseff “recebeu algumas vaias”. Decerto, se ele estivesse fazendo a transmissão pelo rádio, quem seria vaiado nesse momento seria ele, por estar relatando o tamanho errado de uma coisa – grandiosa – que todo mundo, presente ao estádio, assistindo pela tv ou ouvindo pelo rádio, ouviu e ouviu muito bem.

(*) RELAÇÃO DOS CUSTOS FINAIS DOS SEIS ESTÁDIOS DAS CIDADES-SEDES
  • RJ – ESTÁDIO JORNALISTA MÁRIO FILHO (MARACANÃ): Capacidade: 79.000 pessoas – Custo previsto: 705 milhões de reais – Custo final: 951 milhões de reais;

  • DF – ESTÁDIO NACIONAL MANÉ GARRINCHA – Capacidade: 71.000 pessoas – Custo previsto: 696 milhões de reais – Custo final: 1,3 bilhão de reais;

  • MG – ESTÁDIO GOVERNADOR MAGALHÃES PINTO (MINEIRÃO) – Capacidade: 64.000 pessoas – Custo previsto: 426 milhões de reais – Custo final: 695 milhões de reais;

  • BA – ESTÁDIO ARENA FONTE NOVA – Capacidade: 55.000 pessoas – Custo previsto: 591 milhões de reais – Custo final: 689 milhões de reais;

  • PE – ESTÁDIO ARENA PERNAMBUCO – Capacidade: 46.000 pessoas – Custo previsto: 530 milhões de reais – Custo final: 532 milhões de reais;

  • CE – ESTÁDIO: CASTELÃO – Capacidade: 64.000 pessoas – Custo previsto: 623 milhões de reais – Final: 518 milhões de reais.

    Do Blog do Mochila

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