A Portaria número 036-DMB, de 09 de dezembro de 1999,
regulamenta o comércio de armas e munições no Brasil. Entretanto, uma brecha na
legislação permite a venda de equipamentos de pressão que, até a umexperiente
militar, podem causar confusão e que segundo um coronel, podem matar um ser
humano.
Arma de pressão vendida em grupo no Facebook.
FOTO:
REPRODUÇÃO
A Redação Web do Diário do Nordesteencontrou à venda em um
grupo do Facebook2 pistolas e 1 carabina de pressão. Por R$ 600 é possível
adquirir, sem nenhum empecilho legal, o armamento. Os vendedores afirmam que
"qualquer pessoa comprovando ser maior de 18 anos pode comprar",
oferecendo como documentação a Nota Fiscal dos objetos. As armas, que funcionam
à base de pressão, usam como munição o chumbinho e tem calibres de 4.5 e 5.5
mm.
O chefe do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados
da 10ª Região Militar, major Marcelo, explicou que a Lei permite a venda de armas
de pressão com calibre inferior a 6 mm. "Essas armas de chumbinho têm essa
particularidade que somente a partir de 6 mm ela é controlada pelo Exército,
sendo de uso restrito e necessitando de autorização para a utilização. Abaixo
deste calibre, a venda é liberada, não há restrição", afirmou, frisando
que "o Exército cumpre o que está na legislação".
A reportagem localizou o trecho da Lei que dá brecha para a
venda do armamento. No Artigo 17do Capítulo VII, que regulamenta a venda de
armas de pressão, o texto diz que "as armas de pressão por ação de mola,
com calibre menor ou igual a 6 (seis) mm, podem ser vendidas pelo comércio não
especializado, sem limites de quantidade, para maiores de 18 anos, cabendo ao
comerciante a responsabilidade de comprovar a idade do comprador e manter
registro da venda".
Major Marcelo é o responsável no Ceará pela emissão da
permissão para o uso de armas. O pedido, a princípio, é levado em forma de
requerimento à Coordenação de Apoio Logístico, que entrega ao Exército Brasileiro,
que por sua vez encaminha o pedido a Brasília. A permissão ou não vem da
Capital Federal, sendo então encaminhada ao solicitante.
De acordo com o chefe da 4ª seção do EMG, coronel Eduardo
Arruda, a venda deste tipo de armamento expõe as pessoas a um risco iminente.
Ele se mostrou preocupado com a brecha na Lei que permite a comercialização das
armas, que são muito parecidas com as de uso restrito. "Ela torna-se uma
arma visível quando exposta. Quem é que vai adivinhar se a arma é de pressão ou
não? Até um perito em arma se assusta (ao ser abordado por alguém portando uma
arma de pressão), imagine uma pessoa leiga", pontuou.
O coronel afirmou ainda que, além do risco da utilização das
armas para a execução de assaltos, há o perigo da ocorrência de homicídios.
Para o militar, um disparo de arma de pressão pode ser fatal. "Um tiro em
uma parte vulnerável do corpo pode levar à morte", afirmou.
Matéria do Diário do Nordeste
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