O olhar atento à história recente do Brasil leva à conclusão
de que os ciclos políticos coincidem com a ascensão, envelhecimento e
substituição dos partidos no poder. A ausência de renovação impõe uma dinâmica
de obsolescência das legendas.
Nos anos 1980, o MDB/PMDB foi vetor principal da
redemocratização. Uma década depois, o PSDB cumpriu a tarefa de matar a
hiperinflação e construir os alicerces da estabilidade econômica. No período
seguinte, o PT, apoiado nos pilares da democracia e da estabilidade, pôde
comandar um ciclo de inclusão.
Todas essas forças operaram apoiadas nas conquistas das
etapas que as precederam, ainda que muitas vezes as tentações da política peçam
a negação retórica do passado. Mas essa negação não resiste à análise. Sem 1985
não haveria 1994, e sem 1994 não haveria 2002.
Sem democracia, não haveria como o país superar um
impeachment; sem estabilidade, não seria possível distribuir renda.
Toda força política momentaneamente hegemônica sofre a
tentação de enxergar-se como o ponto final do bonde da história. Mas é ilusão.
Hoje, por exemplo, assistimos ao enorme desejo de que se abra um novo ciclo na
política brasileira.
É disso que tratarão as eleições do próximo ano. Como
superar a velha política para que o poder possa ser mobilizado na construção do
novo, na pavimentação dos caminhos necessários e possíveis para alcançar outro
patamar --eis a questão.
Precisamos remover o velho arranjo político, ou nenhuma
agenda inovadora será viável.
Cada um por sua própria estrada, o Partido Socialista
Brasileiro e a Rede Sustentabilidade vinham tateando em busca do novo.
O PSB, que governa seis Estados e mais de 400 cidades,
estava empenhado em construir gestões democráticas, inovadoras e sérias,
lutando para valorizar a função primeira do Estado: servir à sociedade. A Rede,
procurando compreender e reunir a imensa energia represada nas aspirações dos
jovens, nas preocupações com o bem-estar das gerações futuras, na busca
obsessiva por uma economia renovada e mais democrática.
Certamente teriam convergido num eventual segundo turno, se
as circunstâncias perversas da política brasileira não tivessem antecipado esse
desfecho. Quando alguns imaginaram que poderiam represar completamente o rio da
história, foram surpreendidos pela água que jorrou das frestas do dique, até
derrubá-lo.
Eis por que a convergência entre o PSB e a Rede
Sustentabilidade aconteceu com tamanha e surpreendente naturalidade. Porque já
eram dois vetores de uma única inquietação: romper com estruturas fossilizadas
para abrir caminho ao futuro.
O desenvolvimento sustentável é a releitura contemporânea
mais próxima do socialismo democrático.
Dois movimentos políticos que agiam taticamente na
defensiva, lutando para sobreviver em terreno desfavorável, notaram que sua
aliança transformaria a estratégia em possibilidade de ofensiva.
O Brasil, infelizmente, acostumou-se a debater eleições como
se se resumissem a pesquisas, tempo de rádio e TV e palanques estaduais. Mas a
política é muito mais do que isso. Sua beleza está em trazer para si o debate
programático do futuro, sobre como romper as amarras da inércia, e avançar.
Pretendemos contribuir para que o processo eleitoral supere
a tentação da mediocridade, para que os eleitores sejam contemplados com uma
opção consistente, transparente e sincera, que lance luz sobre deficiências e
aponte caminhos para atender as exigências da sociedade.
Como dissemos ao selar nossa aliança, a luta da sociedade
brasileira tem alcançado importantes conquistas: a redemocratização, a
estabilidade econômica, a redução das desigualdades sociais. A única forma de
aprofundá-las é avançar. Por isso, unimos forças para apresentar ao Brasil uma
alternativa.
EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY CAMPOS, 48, economista, é
governador de Pernambuco desde 2007 e presidente nacional do PSB desde 2006
Matéria da Folha de São Paulo
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