Neste domingo a Caravana Antinuclear viveu um dia muito especial, pois ela esteve em Itacuruba, onde é prevista a instalação da usina nuclear. Logo de manhã, enquanto eram montadas as exposições e estandes na Praça do Coreto, uma movimentação tomava conta da aldeia dos índios Pankará. De lá, um grupo de índios e representantes de organizações que integram a Caravana partiram para a beira do rio São Francisco onde foram aguardar os índios das tribos Tuxá e Pankararé.“Quando eu era criança, lembro-me que os Pankará atravessavam o rio e iam dançar na Bahia e os Tuxá vinham de lá, dançar o nosso ritual aqui”, recordou o índio Jorge França, uma das lideranças do povo Pankará. Desde que ocorreu o processo de inundação da antiga Itacuruba, com a construção da barragem de Itaparica, nunca mais os Tuxá vieram de Rodelas, na Bahia, para Pernambuco. A Caravana Antinuclear favoreceu que os povos indígenas revivessem esse momento histórico. Ainda pela manhã os Tuxá e Pankararé de Rodelas chegaram de barcos na prainha, em Itacuruba, depois de uma travessia pelo rio São Francisco que dura aproximadamente uma hora.Logo em seguida os índios se dirigiram para o centro da cidade, onde se concentravam as atividades da Caravana: exposição de materiais informativos sobre os riscos da instalação de uma usina nuclear, mini-feira de ciências sobre as fontes renováveis de energia, estandes demonstrativos com orientações de militantes do Greenpeace. A essa altura muitos moradores de Itacuruba faziam fila no estande de coletas de assinaturas para os abaixo-assinados contra a instalação da usina nuclear, que serão encaminhados ao governo, juntamente com a Carta de Itacuruba, documento elaborado pela Caravana Antinuclear.No salão paroquial aconteceu um debate sobre a instalação da usina nuclear em Itacuruba. Para ajudar a compreensão do problema e estimular o debate foi exibido o filme A Fala do Cacique, este de documentário apresenta Verá Mirim, 94 anos, cacique da Aldeia Guarani Mbya situada a 20 km das usinas nucleares Angra 1, 2 e 3. Falando sobre o desequilíbrio ambiental da atualidade, ele faz revelações proféticas sobre o mundo nuclear. Os índios presentes acompanharam atentamente a exibição do documentário e antes de debatê-lo dançaram juntos o Toré, o seu ritual sagrado. Além das lideranças indígenas, participaram do debate: técnicos e ambientalistas que vieram de Floresta, Serra Talhada e outras cidades, representantes das comunidades quilombolas Negros de Gilú, Poço dos Cavalos e Ingazeira, como também representantes do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada/IRPAA e da Paróquia de Itacuruba.No início da noite, encerrando a programação foi apresentado o espetáculo poético musical de educação ambiental Bicho Homem, que utiliza o teatro e a literatura de cordel para abordar problemas socioambientais e o tema da energia nuclear. A cacique Lucélia, da aldeia Pankará, convidou todo o povo presente na Praça do Coreto para dançar um toré contra a usina nuclear. Amanhã a Caravana Antinuclear segue para o município de Jatobá. Ela é realizada pelo MESPE - Movimento Ecossocialista de Pernambuco, em parceria com o Projeto de Educação para uma Cultura de Paz, da Diocese de Floresta, com o apoio do Greenpeace, Cáritas Brasileira, Coordenadoria Ecumênica de Serviço-CESE e da Articulação Anti Nuclear Brasileira.
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