O jornalista Maurício Dias, brilhante profissional do Carta Capital está traçando um comentário bem diversificado sobre o momento de Eduardo Campos, é realmente algo que terá seus próximos capítulos repletos de muita emoção e suspense, mas quem quer entender o que vem a ser a projeção de Eduardo, deve ler a matéria logo abaixo:
"O governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) tem o direito
e o caminho aberto para disputar a Presidência da República, em 2014. Tem,
também, um partido em fase de crescimento, tem pressões internas e externas
para romper, apoio da mídia para se projetar, simpatia de empresários
preocupados com o PT, de políticos órfãos, e uma relação de conflitos com o
governo capaz de produzir a crise necessária para explicar o rompimento com a
candidatura à reeleição da presidenta Dilma Rousseff.
Campos, Aécio, Gabeira, Marina. Os riscos da guinada à
direita. Fotos: Dida Sampaio/ Estadão Conteúdo, José Cruz e Rodrigues Pozzebom/
ABr e Leonardo Soares/ Estadão Conteúdo
Campos, no entanto, hesita. Está tomado por dúvidas pessoais
e políticas. Negaceia. Faz que vai, mas até agora não foi, e assim se expõe às
ironias como, por exemplo, a do senador Aécio Neves, virtual presidenciável do
PSDB, para quem Eduardo Campos precisa de um divã para saber se é de oposição
ou governista.
Nesse momento, ele tornou-se um exemplo que permite perceber
a diferença entre uma aventura eleitoral e uma candidatura efetiva, vigorosa,
possível de ser vitoriosa. No primeiro caso, o caminho é largo, mas ilusório.
No outro, a passagem é estreita e com possibilidades de consequências danosas.
Talvez irreversíveis.
Eduardo Campos, 47 anos, neto de Miguel Arraes, tem o sangue
do avô nas veias, mas não tem o mesmo compromisso político. É uma “cara nova”
atrás da qual todos andam, em nome de suspeita renovação. Ele tem uma expectativa natural de superar
Arraes, político dos anos 1960, com liderança nacional e eleitorado restrito a
Pernambuco. Esse é o dilema que persegue Campos. Seria a hora de romper com
essa amarra? As circunstâncias não são favoráveis.
Campos terá de juntar-se à estratégia da oposição de
tradição conservadora para derrotar um governo de natureza progressista e
rachar o partido.
Como candidato, integrará o “mutirão de candidatos”
possíveis na tentativa de levar a eleição para o segundo turno. Neste caso, a
candidatura dele se somaria à de Aécio Neves (PSDB), Fernando Gabeira (PV),
Marina Silva (sem partido formalizado) e o candidato do PSOL, cujo objetivo é
marcar posição.
Nas últimas semanas, o governador de Pernambuco tem feito
críticas a alguns pontos da administração de Dilma. Marca posição e pode se
valer dela para, eventualmente, explicar no futuro o afastamento de um governo
que apoiou e elogiou ao longo do tempo. O PT vestiu essa “saia-justa” na
campanha para a eleição municipal de 2012, em Belo Horizonte.
Há informações de que alguns empresários estariam dispostos
a “oxigenar” a campanha de Campos. Os recursos são importantes. Mas onde ele
arranjaria espaço-tempo suficiente para montar um bom programa no horário
eleitoral? O PSB tem 1 minuto e 40 segundos. Aliança? Só com partidos nanicos,
que dispõem de 20 segundos ou pouco mais?
Em 2010, Dilma, com nove aliados, contou com 10 minutos. O
tucano José Serra, com cinco aliados, obteve pouco mais de 7 minutos. Houve
cinco candidatos dos nanicos, afora Marina, do PV, que viraram fenômeno e
arrastaram quase 20 milhões de votos. Campos fará acordo com uma oposição sem
programa?
Por enquanto, à direita, só há esperança. Ela espera o
aumento da inflação, da taxa de juros, do desemprego, da inadimplência, da
falta de investimentos e, por consequência, de um crescimento medíocre do País.
Sem esse cenário, em 2014, as chances de qualquer opositor a Dilma são nulas.
Isso mostra que no fundo do peito de cada candidato da oposição o coração bate
em tom sinistro: quanto melhor pior."
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