Mais de dois meses depois de ganhar
das mãos da presidente Dilma Rousseff o primeiro cartão do Minha Casa Melhor,
Cleane Lopes, que está desempregada e recebendo seguro-desemprego, foi às
compras em Caldas Novas (GO), acompanhada do marido Pascoal Teles,
recepcionista em um hotel da cidade famosa pelas águas termais.
Com R$ 5.000 de crédito, o casal
adquiriu, de uma tacada só, para a sala, um home theater (R$ 999), uma TV
digital (R$ 1.399) e um rack com painel (R$ 798). Para a cozinha, eles
compraram uma mesa com seis cadeiras (R$ 1.190) e para o quarto, a cabeceira da
cama com dois criados-mudos (R$ 399). Levaram também um microsystem (R$ 159)
para as duas filhas e ficaram com um saldo de apenas R$ 56 no cartão.
Assim como a família de Cleane, que
posou ao lado da presidente na cerimônia de lançamento do programa, em junho,
outros beneficiários do programa habitacional Minha Casa Minha Vida conseguiram
driblar as regras rígidas impostas pelo governo nessa linha de financiamento e
compraram produtos não contemplados na cesta determinada pela equipe econômica
ou cujos preços extrapolam o limite estabelecido para cada item.
Limites
Segundo as regras do Minha Casa
Melhor, cada mutuário recebe um cartão magnético da Caixa Econômica Federal com
um limite de R$ 5.000 para serem gastos na compra dos dez tipos de produtos,
que podem ser parcelados em até 48 meses a juros de 5% ao ano — cinco vezes
menores que as taxas médias cobradas pelos bancos para clientes comuns.
No entanto, esse crédito não pode ser
gasto da maneira que a família quiser. Para que o programa estimulasse
segmentos industriais diferentes, o governo estipulou um valor máximo para o
preço de cada mercadoria — que varia de R$ 300 para uma mesa com cadeiras a R$
1.400 para uma TV digital.
Na prática, porém, os beneficiários
do programa contam com a ajuda dos lojistas, que "facilitam" as
negociações para burlar as imposições. A reportagem do jornal O Estado de S.
Paulo fez uma pesquisa entre os estabelecimentos comerciais credenciados pela Caixa
Econômica Federal em Brasília, em São Paulo e no Rio de Janeiro e conseguiu a
garantia dos vendedores que poderia comprar com o cartão Minha Casa Melhor
produtos que não estão na lista e cujos valores são superiores ao que o governo
fixou nas regras.
Na segunda-feira, 2, ao comemorar que
o montante de recursos contratados pelo programa ultrapassou R$ 1 bilhão, Dilma
prometeu, no programa de rádio semanal Café com a Presidenta, que vai incluir
pelo menos mais dois itens entre as opções que os mutuários podem comprar. São
eles, o forno de micro-ondas e armário de cozinha. Na realidade, basta uma
pequena pesquisa para verificar que os lojistas já aceitam vender esses dois
produtos pelo cartão do programa.
Leia matéria completa no R7.com
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